quarta-feira, 22 de agosto de 2012

poetic dreams.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012 0
Hoje eu acordei com todos os sonhos na cabeça, como se eles nunca tivessem saído daqui. Como se estivessem adormecidos, protegidos de mim. Os mesmos sonhos de quando eu tinha treze anos, os mesmos sonhos impossíveis e irrealizáveis. Rondando e rodando dentro dessa caixa branca com fios pretos que balança delicadamente para que eles voltem a dormir. E eu até chego a deitar debaixo dos lençóis, tentando acobertar todos esses pensamentos que insistem em querer voar para onde eu não posso ir, mas nem as cobertas os impedem. Conforme eles saem flutuando, tento apanhar um a um... estico a mão ali e aqui, mas eles se esvaem entre os meus dedos, criam asas imaginárias e voam para além da parede laranja e da janela gradeada. Lá fora, os pequenos grandes voadores se espalham para onde puderem: desde a casa da vizinha que mora com seu esposo comum e três filhos até a casa do velho compositor viciado em cocaína que mora em um bairro afastado do meu. Cada um atinge um lugar da cidade, um lugar do país... um lugar em outro continente, por quê não? Já que não posso prendê-los de jeito algum, quero mesmo é que eles voem até acharem seus lugares, até se convencerem que são impossíveis. Depois disso, então, eles voltarão para dentro de mim, trocarão de asas e tentarão novamente alcançar seus destinos, do mesmo jeito que tentam desde que eu tinha meus treze anos. E assim, por causa dessa revitalização permanente, eu me revitalizo também. Continuo construindo sonhos - que sei impossíveis, mas que sei que ganharão novas asas - e deixando-os livres para se tornarem o que quiserem, para se liquefazerem no papel e se tornarem poesia. Querer ter poesia sempre é o sonho com as maiores asas, mas sonhos voam, sonhos morrem, sonhos se reformulam. E a poesia? A poesia permanece dentro.
 
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