segunda-feira, 25 de julho de 2011

deep waters.

segunda-feira, 25 de julho de 2011 1
Toda a sede que eu causei está me afogando. Mergulhando no oceano que eu mesmo fiz, que eu mesmo causei, que eu mesmo fiz questão de fazer nascer. Marinheiros que um dia se afogaram estão saindo dos braços da sereia e encontrando o oxigênio novamente. Nadaram, nadaram e ajudaram a encher com lágrimas a profundidade do meu oceano. Tudo o que sofreram, tudo o que eu causei está fazendo a minha alma transbordar em angústia e amargura. Pior que plantar vento e colher tempestade é plantar coisas não-sólidas e não-concretas e ter que conseguir vencer todas as barreiras apenas com as míseras coisas que me restaram. Mal sei eu o que me restou. Olho em volta e só vejo o oceano, onde eu cai, mesmo sem querer. E eu sempre tentei fazer tudo com a menos pior das intenções - melhor eu sei que nunca foi. Agora, tenho que me contentar com esse monte de água por todos os lados, sem enxergar nada firme em que eu possa me apoiar e me sustentar. Cansei de nadar e remar contra a maré... Que o oceano me afunde e me afogue. Que a água encha a minha alma pra que, pelo menos, eu fique cheio de alguma coisa: odeio sentir esse vazio. Enche, água, enche. Afogue-me até que eu esteja completamente submerso... Quem sabe um barco não me encontre e me traz de volta ao seco, ao oxigênio, à vida?

terça-feira, 19 de julho de 2011

movie.

terça-feira, 19 de julho de 2011 0
Já devo ter mencionado minha aversão a filmes, né? Aquelas cenas paradas, monótonas... Todo aquele escuro que constrange, que inibe. Filmes tristes, porém, alegram-me. É tão bom ver que as pessoas também sofrem, sabe? Sofrem de verdade - sofrimento mais real do que o real sofrimento, se é que me entende. Aquelas pessoas chorando, escancaradamente, para quem quer que veja, para quem quer que queira ver. Play, Pause, Reward, Forward. Sabe? Aquele controle remoto controlando tudo, aquele mouse pronto para clicar e rever o suicídio do século, a crise do ano ou os amores estragados do momento. Quem se importa? Parece um tanto quanto cruel precisar ver toda aquela desgraça para se sentir bem, mas você sabe que não é assim. É espetacular conseguir enxergar tudo em cores, tudo tão sincero, tudo tão perto de você. Aquele escuro que desencoraja passa a libertá-lo, deixar tudo mais claro e as memórias vêm à tona. Você coloca toda a sua vida dentro daquela história - que acaba se tornando a sua história - e deixa que as personagens ajam por você, sintam por você, depositando nelas todos os seus sentimentos e dores. Filmes tristes me fazem enxergar a felicidade que poderia estar aqui, o drama [desnecessário] que a gente faz com a vida, toda a perspectiva de um positivista encarna em mim e penso ter poder para salvar a minha vida sem precisar daquelas lágrimas e daquelas mortes. Tentamos transformar nossa vida em um filme, porém esquecemos que não é possível sair de cena assim que enjoarmos como os atores fazem. Nossa vida é progressiva, é irreversível, é contínua... Enfim, a lista de nomes dos atores passa, mas, mesmo assim, eu não caio em mim e tudo aquilo continua sendo verdadeiro e intenso. As luzes se acendem, o copo de coca está vazio e do milho só restaram os grãos... Bem-vindo a sua vida real - que poderia ser tão limpa e clara quanto ao filme que acabará na estante.
 
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