quarta-feira, 21 de setembro de 2011

highway to nowhere.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011 0
A grama macia jamais tocada, o céu negro jamais olhado. Tudo o que eu queria era deitar e admirar toda essa natureza, toda essa sinceridade. Continuar a viver como vivi até hoje: nem bem, nem mal, só viver. Olhar para o caminho onde perdi meus sapatos, enxergar o tubo no qual quero mergulhar. Toda essa trajetória, todos os passos dados, tudo que já foi tocado... Não quero regredir, quero transgredir. Transgredir até ir da grama aos céus. Quem foi que disse que não é possível chegar às estrelas? Aliviar toda essa angústia, sacrificar o meu medo de me desgarrar dos objetos, das coisas, das silhuetas, das sombras... Andar por onde eu não conheço com os olhos bem abertos, sem temer a visão que poderá ocorrer, sem temer as lembranças que virão à tona. São lembranças não-reais. Memória que ficou armazenada aqui e pode emergir a qualquer momento. Estou sendo coerente? Estava falando da grama macia, não estava? Quero deitar em espinhos para sentir meu corpo arder como fogo. Enxergar o sol queimando e explodindo as estrelas - uma a uma. O que eu quero nem deve ter nome, nem deve ser nada, mesmo eu sentindo que quero tudo. Quero repousar admirando a imensidão do mar, já que a imensidão do meu amor está do outro lado do horizonte e não há como ser vista. Sente-se aqui, deixe-me contar sobre os meus sonhos (que, com certeza, você denominará 'alucinações'). Eu não quero mais contar, deixe-me ficar com eles para que eles estourem aqui dentro e façam o meu corpo se mover. O relógio não para de andar: onde é que ele quer chegar? Não quero que chegue antes de mim, onde quer que ele vá. Quero guiá-lo e não ser guiado, quero controlá-lo. Prenda-me aqui ou partirei pra algum lugar inexistente, do outro lado da parede, do outro lado do mundo. Além de Plutão. Caminharei até encontrar Plutão, até encontrar Platão. Caminharei até me encontrar.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

arrested.

terça-feira, 20 de setembro de 2011 0
Como um punhal cravado - foram assim que as palavras saíram da sua boca. Elas sequer saíram, elas sequer se deram ao trabalho de sair. Foram derramadas, friamente, pelas suas mãos gélidas e trêmulas. Estão, agora, sobre a mesinha suja e velha do computador. Todas atiradas, mortas, estendidas e vermelhas. Vermelhas de sangue, vermelhas de paixão, de morte. E não adianta assoprar, não adianta empurrar: elas não se movem. Aos poucos, percorrendo os pés da mesa, o sangue se encontra com o chão. Sangue e lama - não é o par perfeito visto de um coração fossilizado? Um coração empoeirado, que havia saído para dar uma volta pelo campo fresco da Irlanda, mas é obrigado a voltar para trás das grades da costela branca e sem vida que adormece duramente. Volte sim. Volte sim, coração. Volte para o mundo preto e branco que não te faz sentir, não te faz mal, que não te faz nada. Volte para seu cárcere que também é refúgio. Fique quietinho, adormeça apoiado nestas tábuas brancas que o rondam. Volte, pequeno imcompreendido, volte para onde te compreendem (onde apenas existe você). Agasalhe-se, faz muito frio lá fora! Fique aqui, aconchegante, quentinho, assistindo aos seus programas prediletos e tomando um chocolate quente. Não ouse sair de novo, estamos entendidos? Chamo os seguranças, chamo a polícia e o prendo aqui novamente, para que não se dê a liberdade de sofrer de novo, não se dê a chance de errar e para que não sangre mais. Coração, fique aqui para não sangrar. Fique aqui para não amar.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

L what?

quarta-feira, 14 de setembro de 2011 1
Sabe quando começamos a nos questionar sobre o que é o amor? A que ponto chegamos, o que isso significa? Como se começássemos a racionalizar uma coisa tão emocional, que, supostamente, deveria ser sentida. Falar sobre o abstrato é algo extremamente difícil, é como um poço sem fundo, inesgotável, inalcançável. Inesgotável porque nunca será possível definir e delimitar tal sentimento, sempre haverá margens para outras interpretações e outras suposições. Inatingível: nenhuma dessas hipóteses conseguirá atingir em cheio o [real] significado desta abstração - justamente porque, acredito eu, não há um sentido real para coisa alguma. E, sobre o amor, o mais inexplicável de todos os sentimentos, o mais abstrato, como alguém pode se comprometer em definí-lo? O amor não é passível de julgamentos ou caracterizações. Amor tem mil vertentes, mil formas, mil faces, mil cores. O que é o ser humano pra julgar a veracidade de algo não-concreto? A imaginação e o surreal não podem ser calculados. Você pode até perceber nos olhos de uma pessoa se ela está apaixonada, mas o verdadeiro amor não está tão estampado assim. Ele se esconde, debaixo de todas as veias e artérias, debaixo do fluido que alguns denominam 'alma'. Não há escavadeira que seja capaz e forte o suficiente para adentrar tamanha profundidade do corpo humano. Então, como é possível ter a certeza de que os sentimentos existem e de que estão ali? Como é possível cultivar os nossos pelos outros, mesmo tendo a certeza que nunca saberemos se tudo que sentimos é recíproco? E qual é a intensidade de tudo isso? Pra que falarmos em muito e pouco se sequer sabemos o que é o amor? Provavelmente, alguém já deve ter se questionado sobre essas incertezas (ou sou tão louco assim?). Incertezas? São certezas das dúvidas, certeza das incertezas. Certeza de que não mediremos e não saberemos o que se passa dentro do outro corpo. Sequer sabemos o que se passa dentro do nosso próprio. Só sabemos se existe algo bom ou não, se o sentimento é positivo ou negativo. E quando é extremamente positivo chamamos isso de amor. Mas espere! Há amores completamente destrutivos e crueis, não há? Minha teoria vai por água abaixo. O amor não pode nem ser polarizado. Onde ele se encaixa, afinal? Amor não é bem e nem mal, mas é luz e escuridão. Amor é uma contradição, um jogo de perguntas sem respostas. Amores correspondidos, amores imaginários, amores platônicos, amores físicos. Como conseguir separá-los em categorias ou colocá-los em uma tabela, classificando-os e os agrupando por semelhanças? (...) Mas por que eu ainda ouso tentar entender todo esse emaranhado amoroso que explode [e implode] dentro de mim? Como eu queria apalpar todo esse furacão, como eu queria tocar, colocar dentro de uma caixa para saber o quão grande é! Mas se eu fizesse isso, teria a certeza mais certa de todas: isso não seria amor.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

1 + 1

quarta-feira, 7 de setembro de 2011 0
Às vezes o silencio me faz querer falar... Querer não é bem a palavra certa. É como se ele me permitisse falar, sabe? Como se a falta de som fosse um sinal para eu poder falar. E mesmo assim, eu me recuso a fazê-lo de cara – justamente por compreender o valor das palavras. E é por isso que estou aqui: para [não] falar. Tento coordenar os meus pensamentos para tentar reproduzir todo esse turbilhão que me corrói. Tenho total consciência que não o farei com plena verdade. As representações não serão fiéis ao que realmente eu guardo aqui dentro. Aliás, nem sei por que tento me expressar ainda... Acho que isso me ajuda a colocar tudo pra fora, mesmo sabendo que tudo continua internamente e o que eu acabo de despejar não é nem um quinto do que eu queria mostrar. E eu nem sei se eu realmente quero mostrar alguma coisa... Na maioria das vezes, proponho-me a apresentar algo e isto sai de uma maneira totalmente deformada. Como se os meus pensamentos e desejos não fossem meus, como se eu mesmo não fosse eu. Tudo isso é uma confusão e eu só preciso chamar um pouco de atenção. Esse é o meu objetivo quando escrevo. Preciso chamar a atenção de alguém – mesmo que seja a minha própria. E se não tiver uma única pessoa para ler o que eu escrevo, para escutar o que eu quero dizer... Não importa! Eu, daqui algum tempo, com certeza, relerei meus textos com outros olhos e com outra identidade. Eu não serei eu, eu serei meu leitor, meu ouvinte, meu destinatário. Como se eu fosse o centro do mundo, o centro das minhas palavras – como se eu fosse o centro da minha vida. Eu, eu, eu. Como se só existisse a primeira pessoa do singular, como se isso me confortasse... Não há sentimento de solidão quando você é sozinho sempre. E eu nem tinha vindo aqui para falar sobre isso. Deitei minhas pernas em uma rede para conseguir escrever e sentir o vento no meu rosto ao mesmo tempo... E acabei voltando para o meu umbigo, sem me importar com o vento, com a rede ou com qualquer coisa que pudesse estar em volta. Se um dia me propuserem a significar “egoísmo”, a definição seria: “é quando você não sente mais nada a sua volta, quando a luz está em você e o resto é escuro, está longe. Quando o mundo é seu, não importando que digam o contrário. É quando o amor que você sente pelos outros não é maior que o desejo de ser feliz. É quando você escreve sem pensar em opiniões e sentimentos. É quando você vê seu reflexo em uma superfície totalmente opaca”. E definição nenhuma é suficiente para delimitar esse substantivo, ela não caberia em aspas alguma. Egoísmo é proporcional à quantidade de palavras que existe e, ao mesmo tempo, palavra alguma consegue representar verdadeiramente o que ser egoísta significa. Voltamos à estaca zero, na qual eu falo sobre não conseguir representar tudo o que eu sinto. Egoísmo. Seria hipócrita demais se eu começasse a falar de tudo o que eu sinto por você agora? Seria? Você acreditaria se eu falasse que gosto extremamente de você? Como uma pessoa tão egoísta pode sentir algum sentimento por alguém alheio a ela? Já falei que vejo meu reflexo até em objetos opacos? Não estou dizendo que você o é, não me entenda mal, por favor. Só estou dizendo que me vejo em você, vejo meu futuro em você. Vejo-me em você assim como vejo você em mim. Como se nos completássemos... Mas acho bobeira esta história de almas gêmeas, você não acha? Seja sincero comigo do mesmo modo que estou mostrando [parte da] minha loucura pra você. Como naquelas poesias com pássaros voando e o céu inteiro azul, você acredita que fomos feitos um para o outro? Se eu não tivesse nada, ainda teria você? Essas palavras estão saindo tão naturalmente e lhe digo uma coisa: elas podem ser tão passageiras quanto os pássaros daquele poema – ou podem perdurar como o céu azul. O que você acha? Está pronto para enfrentar os meus tufões e mostrar as suas tempestades? Quanto bucolismo. Queria utilizar a natureza inteira pra você ver o quão doce é meu sentimento, o quão leve, o quão puro... E não parar mais de escrever. Tenho medo de que tudo isso se vá junto com as palavras, de que você não queira mais me ler... Não se interesse mais pelo que existe aqui, pelo que sou, pelo que eu pareça ser, pelo que eu realmente seja. Interesse-se por minhas formas de agir, queira saber sobre o meu jeito de pensar sobre isto e aquilo. Egoísmo – a ponto de querer que você mergulhe em mim tão profundamente, tão vorazmente, tão... Ah! Devo estar sendo ridículo, não é? Que tipo de cara escreveria tudo isso para ninguém ler? Eu me acharei ridículo quando reler e vir que tudo isso já passou, mas que continua sempre tudo igual: só mudam os rostos. Queria tanto que o seu não mudasse, que você conseguisse adquirir fôlego o suficiente para permanecer o resto dos dias submerso aqui dentro. Respire e mergulhe, por favor. Mergulhe no meu egoísmo e quebre todo esse escudo que eu insisto em deixar intacto. Você consegue saber, agora, um pouco mais de mim? Provavelmente, quando pensar saber tudo, eu vou me mudar só pra você ter que descobrir de novo – pra ver se você ainda terá vontade de me desvendar. Egoísmo: respire e mergulhe.
 
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