Nós estávamos ali sentados na mesma grama de 9 meses atrás. Só que para
mim ela parecia menos verde. Os mosquitos do calor que o inverno daqui fazia
não nos deixavam em paz, mas pelo menos desviavam a atenção do que a gente
deveria estar falando ali. Se bem que nunca precisei de muita coisa para
desviar meu foco dos meus objetivos mais racionais; com você não era tão diferente
assim. Falávamos, nos olhávamos, abaixávamos as nossas cabeças, nos relávamos
com um toque já desgastado e um tanto mais insensível do que o toque do nosso
primeiro toque. Minha cabeça rodava, eu observava as pessoas correndo, o casal
fumando um e fazendo piquenique, o sol se pondo, as formigas picando meus pés e
seu olho direito mais baixo que o outro. Você acabara de cortar o cabelo e continuava
lindo aos meus olhos – claro que não tanto quanto no nosso primeiro mês juntos,
mas continuava, eu admito. Era um misto de sensações e desejos e sentimentos e
raivas e amores e medos e vontades e receios e coisas bizarras que talvez eu
nunca saiba descrever ao certo. Era um problema tão simples de ser resolvido se
visto de longe: é o fim e acabou, tchau, não nos vemos mais! Afinal, todo relacionamento termina assim, não é? Porém, com nossos braços entrelaçados e
nossos olhares cruzados, o fim não parecia ser tão simples e certo assim. O
sino de uma igreja bem longe deve ter batido seis e meia da noite, mas nenhum
de nós dois ouviu e, foi somente às seis e quarenta, que nosso beijou resolveu
e concretizou o que já havia sido minunciosamente pensado por nós dois: nada.
terça-feira, 13 de setembro de 2016
quarta-feira, 4 de maio de 2016
just random.
quarta-feira, 4 de maio de 2016
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Quando eu estive bêbado, balbuciei coisas que não sairiam jamais se eu tivesse sóbrio. E quer saber? Elas eram metade sinceras e metade exageradas. Não me pergunte qual metade era qual, porque, ainda, depois de 25 anos, não consegui definir ou delimitar quais as duas partes que me compõem. Ora acho que sou metade amor, metade ódio. Outrora, vejo-me meio perspicaz, meio inconsequente. E, por fim, reflito no espelho dois borrões de cores distintas que, de um jeito ou de outro, acabam fazendo uma intersecção menos nítida ainda.
Eu só estou aqui escrever porque te prometi, mas se você soubesse o quão bem me faz escrever e fazer as palavras saírem e fluírem, você me obrigaria a esboçar pelo menos um parágrafo por dia. Eu nunca te disse, mas o papel (agora, o teclado) sempre foi um dos meus melhores amigos – aquele que me ouvia sempre, que me entendia sempre e conseguia me deixar mais aliviado depois de um dia conturbado ou triste. Obrigado por me fazer querer escrever e obrigado por me fazer ter sobre o que escrever – se não fosse você, acho que minha vida, nesses últimos quatro-quase-cinco meses estariam mais sem graça. Sem você aqui, esse parágrafo poderia até existir dentro de mim, porém, ele nunca haveria se desabrochado.
quinta-feira, 10 de março de 2016
peraí.
quinta-feira, 10 de março de 2016
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Peraí, moço! Não chora, não. O mundo é um moinho girando na contramão.
Se você pensa que é o fim, eu lhe digo que não é nem o começo, porque já girei
nessa roda-gigante mais do que você imagina. Já estive no seu lugar, já quis me
debulhar em lágrimas no travesseiro até me faltar o ar, eu engasgar com a minha
própria saliva, minha língua enrolar, eu morder os lábios até sangrarem e
morrer. Mas peraí, moço. Não é o fim, não.
Calmaí, rapaz. Não desiste, não. Você já chegou até aqui e
agora diz que não tem mais direção? Se você pensa que não tem para onde ir, eu
lhe digo que o mundo é imenso, os oceanos são profundos, os continentes são extensos,
as pessoas são infinitas e as rotas podem o levar para onde quiser – o mundo é
seu.
Tá bom! Se quiser
chorar, chora só um pouquinho. Se quiser desistir, desiste devagarinho só até
eu te convencer de que não vale a pena, de que sua alma e seu coração
vão além de tudo isso, de que nenhuma dor dura para sempre e de que tem um bocado
de gente nesse mundo querendo ver você sorrindo esse sorriso largo.
Afinal, você sabe – eu sei que sabe – que o mundo é imenso e ele, se já não é,
vai ser seu.
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