terça-feira, 10 de abril de 2012

airplan[e]s.

terça-feira, 10 de abril de 2012 0
E eu fico aqui fazendo planos sozinho. Planos para cada uma das pessoas que eu conheço. Em alguns eu me incluo, em outros não. E são planos tão diferentes, tão absurdos, tão separados. Começo a compartilhá-los e vejo sorrisos crescendo, como se tudo aquilo fizesse o mais absoluto sentido e fosse ser concretizado em breve. É tudo mentira, você não soube? As palavras, as promessas, os sonhos: são mentiras. Os planos, apesar de constantes e rotineiros, são imaginários. Não são como o preto dessa tinta no branco desse papel: são irreais, não-enxergáveis. Mas quem disse que eles se importam? Quem disse que eu me importo? Oras, eu não me importo mesmo porque esses planos são tudo o que eu tenho, é tudo que eu consigo oferecer. Talvez eles queiram viver desses planos mirabolantes, talvez seja tudo o que eles possuem também. Casa verde em meio a um campo florido ou mansão branca com dezenas de avenidas que a cercam: eu sei planejar o que convier. E fico montando, dentro da imensidão da minha mente, maquetes e futuros que possam me fazer bem. Organizo uma infinidade de planos, de sonhos e deixo cada um em seu devido lugar. Às vezes deposito-os nas pessoas, às vezes nas situações – ou apenas guardo para mim mesmo. Há planos que não precisam ser planejados para existirem: sei que estão aqui e não preciso apalpá-los ou demonstrá-los para saber que estão. Não sei se vou viver algum - ou todos, ou nenhum - desses planos, mas planejar já é realizar. Uma realização instantânea que te proporciona o prazer do sucesso no momento que o plano é escrito no papel ou exposto pela sua fala. Falar é realizar, escrever é realizar. E que esses planos, reais ou não, voem como aviões em céu descampado. Que cheguem até a casa do campo e a mansão urbana. Que eu consiga sonhar em várias vertentes para que os sonhos e os planos não se acabem.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

avenue. (poem)

segunda-feira, 9 de abril de 2012 0
Como numa avenida no centro da cidade
As pessoas vão passando, passando
Umas lenta, outras rapidamente
Enquanto carros e motos estão buzinando

Deixam suas marcas, seus chicletes
Jogam papéis sujos e amarelados
Que viram cartas guardadas
Dentro de uma gaveta, envolta por cadeados

Rastros, pegadas, feridas e pedaços
Vão deixando partes de si pela rua
Outros deixam menos. Egoístas!
Mas é rara rua que permanece crua

Embarcam, tomam ônibus e conduções
Conhecem outros rostos, outras cores
“Por quê você não veio comigo?”
Encontram outros amores

Algumas perdem hora, perdem o rumo
Perdem o ônibus, simplesmente não vão
E, então, chamamos de saudade
O olhar aéreo vindo de dentro do saguão

No poste sem luz da avenida passada,
Ficam os que não deveriam ir
O tempo se encarrega de segurar
Aqueles que não conseguiriam partir

E, assim, a vida vai seguindo
Tomando conduções e metrôs
Enquanto uns vão de carro e motocicletas
Num trânsito desordenado e ligeiro
Que leva as pessoas para todos os lugares
E , às vezes, não leva a lugar algum
Sinceramente? Não quero chegar tão rápido assim
Vou seguindo, vou jogando chicletes
Esperando que eles se tornem asfalto
E os papéis amarelados?
Ah! Que se tornem alaranjados.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

old bottle.

quarta-feira, 4 de abril de 2012 0
Queria juntar as palavras mais bonitas e doces, colocá-las esparramadas numa folha em branco e enviar até você, dentro de uma garrafa velha. Você iria ficar confuso ao receber, mas acredito que entenderia ao acabar de ler. Mesmo que eu não escrevesse coisa com coisa, mesmo que as palavras se misturassem devido ao borrão da caneta. Eu poderia até não escrever nada: sinais seriam o suficiente para você compreender. Riscos abstratos e letras embaralhadas dentro daquele vidro amarelado e você saberia que todo o amor que eu tenho estaria ali dentro, sendo entregue. E eu sei que você não precisaria de muito mais, do mesmo jeito que eu não ia querer muita coisa em troca. O meu amor é seu sem pedir retorno, sem pedir esmola, sem pedir nada. É porque é, porque tem que ser. Então, guarde bem essa garrafa e não se esqueça que no dia quatro de abril de dois mil e doze alguém lhe deu todo o amor que havia no mundo sem a necessidade de haver retribuição. Amo porque amo, porque me sobra amor [só por você].
 
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