quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

tree.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017 0
Sob efeito de algo inominável, transcendia a ti e a mim mesmo, como se tu viesse antes do meu próprio corpo. Intrínseco, enraizado e, ao mesmo tempo, solto e liberto. Consigo te ver em mim, mas fora de mim te enxergo totalmente nítido, do jeito que é e tem que ser: arredio, tanto quanto feroz, bicho, ora tímido, ora rei. Enxergo-te nu com suas cicatrizes na região do peito e da cabeça, metaforizando suas vivências e sofrimentos. E, cá entre nós, essas cicatrizes são o que te fazem gente de verdade. Então, não se sinta só quando olhar ao lado e eu, ou qualquer outro ser, não estiver presente. Saiba e se lembre que você só pertence realmente a você e que os carros irão passar, as ruas modificar-se-ão: a cidade contemporânea possui mais vida do que jamais. As flores nascem, floreiam, encantam, secam, murcham e morrem. A árvore continua ali, com seus galhos tortos porém vistosos, esperando - sem muito esperar - que outras flores nasçam, cresçam e tragam algum sentido para continuar existindo. Se não crescerem? Não tem problema, não. Muita gente sobrevive - e vive - com doze meses só de outono e muita gente mira - e admira - a poesia constantemente presente em galhos não floridos refletidos seja no chão de uma calçada movimentada, seja no meio de um campo onde só se consegue ver mato... e o seu reflexo.
 
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