Peraí, moço! Não chora, não. O mundo é um moinho girando na contramão.
Se você pensa que é o fim, eu lhe digo que não é nem o começo, porque já girei
nessa roda-gigante mais do que você imagina. Já estive no seu lugar, já quis me
debulhar em lágrimas no travesseiro até me faltar o ar, eu engasgar com a minha
própria saliva, minha língua enrolar, eu morder os lábios até sangrarem e
morrer. Mas peraí, moço. Não é o fim, não.
Calmaí, rapaz. Não desiste, não. Você já chegou até aqui e
agora diz que não tem mais direção? Se você pensa que não tem para onde ir, eu
lhe digo que o mundo é imenso, os oceanos são profundos, os continentes são extensos,
as pessoas são infinitas e as rotas podem o levar para onde quiser – o mundo é
seu.
Tá bom! Se quiser
chorar, chora só um pouquinho. Se quiser desistir, desiste devagarinho só até
eu te convencer de que não vale a pena, de que sua alma e seu coração
vão além de tudo isso, de que nenhuma dor dura para sempre e de que tem um bocado
de gente nesse mundo querendo ver você sorrindo esse sorriso largo.
Afinal, você sabe – eu sei que sabe – que o mundo é imenso e ele, se já não é,
vai ser seu.