Eu andava por ai, sem eira nem
beira, pulando ladrilhos e atirando pedras em lagos. À toa. Entre copos e
multidões, entre sofá e televisão, entre mim e eu mesmo. Passeava pela cidade
sem procurar por nada em específico, apenas aproveitando a liberdade e a
coragem que eu tinha de ser para mim o que jamais alguém poderia ser. Dando
chances ao acaso, mesmo sabendo que eu já estava protegido, andando distraído.
Com tudo o que eu precisava, já me sentia completo só por saber que eu estava
vivo. Onde é que eu estava com a cabeça naquela quinta-feira? Larguei meu carro
em um lugar qualquer e fui ao seu encontro, sem esperar nada haja vista que eu
já tinha tudo. Cheguei, chegou, é aqui? Entremos. Perdido entre guarda-sóis
debaixo de lua, mal conseguíamos andar entre os banquinhos – ou eram cadeiras
de praia? Eu esperando que você arrumasse um lugar para ficarmos. Você parado. “Moça,
tem lugar para dois?”. Não havia. Então vamos para outro lugar. Você como forasteiro,
eu como indeciso, você como libriano, eu como perdido. Fomos. Sentamos. Por que
eu tenho que escolher o que vamos beber? Eu odeio tomar decisões que envolvam
outras pessoas. Escolhi, mostrei-me dono de mim (pelo menos na minha cabeça)
novamente. Heineken. Cerveja entra, palavras saem. E se você me perguntar, eu
responderei que mal lembro o que conversamos naquela noite. Mas se quiser saber
como me senti, uma coisa é certa: eu senti. Começou a chover, poderíamos ter encerrado a
conta e ido embora, mas resolvemos entrar. Acho que devo ter tropeçado umas
treze vezes no mínimo até chegar à mesa coberta. Você reparou? Pouco importa
porque eu já estava me sentindo como se fossemos amig... namora... como se
fossemos há muito tempo. Ele não vai discordar de nada que eu digo? Quando me dei
por mim, estávamos nos abraçando de mãos dadas no meio de um monte de gente (ou
o bar estava vazio?). Quando pisquei os olhos novamente, estávamos no meio da
rua cantando, gritando e dançando como se fossemos invisíveis, ou melhor, como
se não nos importássemos com o que o resto do mundo ia pensar e falar de nós
dois juntos. E, sinceramente, acho que não nos importamos mesmo. Quando você me
deixou no meu carro, eu não liguei se ele estava encharcado por causa da chuva,
porque eu sabia que o que realmente importava era que você já tinha começado a
inundar meu coração.
quarta-feira, 30 de maio de 2018
terça-feira, 16 de janeiro de 2018
Antônio.
terça-feira, 16 de janeiro de 2018
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Às vezes o aconchego se encontra em um tom de voz ou no som de uma gargalhada, não precisando de mais nada pra que nos sintamos pertencentes ao lugar que estamos além de uma mão para segurar. Como é bom contar histórias para pessoas que realmente querem ouvi-las; como é bom ouvir histórias de quem gosta de contá-las para você. Dois lanches e um bocado de músicas se mostraram suficientes para acalentar um coração quase sempre ávido por aventuras. Minha vida, quase sempre tão agitada, tão ansiosa, tão turbulenta, acaba me desacostumando a contemplar qualquer coisa de forma estática. Porém, ao passar por aquele rio durante aquela chuva, percebi que até ele estava mais agitado e, estranhamente, achei isso positivo. De uma forma ou de outra, entre desacordos e sintonias, entre discussões tórridas e conversas banais jogadas ao vento, eu me senti em paz só por estar onde eu estava, por estar com você.
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