terça-feira, 31 de dezembro de 2013

2014.

terça-feira, 31 de dezembro de 2013 0
Mais um ano está indo embora.  Acho que ele só se vai para que as pessoas parem e pensem no que estão fazendo, no que fizeram e no que querem fazer, já que não conseguem visualizar a vida se não for divida em pedaços. Promessas, promessas e mais promessas. Pouquíssimas serão cumpridas e se irão junto com o ano quando o sino da igreja tocar doze vezes. Então, fico sem elas. Só quero me divertir quando o tal sino tocar e conseguir ter a esperança de um ano melhor junto com pensamentos positivos. 

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

the last song i'm wasting on you.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013 1
Essa é a última canção que eu escrevo para você. A última melodia que você vai ouvir saindo dos meus lábios e das cordas do meu violão. Então, preste bem atenção! Vou fazer rimas pela última vez, enviar minha poesia sem querer nada em troca – mas é pela última vez. (...)
E nunca mais vou chorar por você de novo. 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

pack your bags.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013 0
É inevitável que na sua mala tenha um pouco de mim. A parte de mim que costumava ser a mais normal – e talvez a mais bonita. Você está levando parte de cada órgão, de cada sentimento e de cada característica que um dia eu ousei possuir. Leve meu amor acompanhado com um pouco de raiva, um pouco de ressentimento e um pouco de tudo o que você já conheceu sobre mim. Mas, ó, você pode me deixar um pouco mais de esperança, né? Acredito que nem caiba tudo isso na sua mala. Deixe no canto esquerdo do quarto, onde você costumava deixar seu tênis jogado. Leve a toalha molhada, os seus chocolates e seus defeitos – os meus já me são o suficiente. Leve nossas brigas, nossos beijos, nossos sonhos, nossos planos – leve um bocado de tudo isso: garanto que ainda sobra bastante aqui. Só peço que não leve minha inspiração e não leve minha tristeza para que elas sejam minha companhia de agora em diante. Não leve meu vazio, não leve minha caneta e meu papel, não leve meu livro que ainda não está escrito. Leve o que quiser, mas me deixe um pouco de mim.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

a life called night.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013 0
Esse vai para 'a noite' – duradoura e com mais páginas. E eu vou para a noite, porque sempre fui dela. Sinto muito em me despedir, você não sabe o nó que está atado aqui dentro do peito. Mas meu coração é dela, é da noite. Noite com lua minguante, lua iluminada, lua cheia ou noite desluada. Desculpe-me, meu amor, mas essas coisas a gente não escolhe. Eu nasci nela e é nela que vou morrer, tenha nuvens, estrelas ou cometas; estejam os postes acesos, apagados ou quebrados – isso não interfere na escuridão. Por mais infeliz que eu esteja, por menos coisas que eu veja, eu não terei dúvidas em falar que é nela que eu devo estar e é só nela que eu posso ser.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

i ask myself.

terça-feira, 19 de novembro de 2013 0
Quando dizem que o cigarro ainda vai me matar, eu me pergunto: mas quem é que não vai morrer? Quando dizem que a bebida vai destruir meu corpo, eu me pergunto: mas o que é do corpo sem a alma? E quando dizem que toda essa poesia não serve para nada, que toda essa arte é o que atrasa o mundo, eu me pergunto: o que é do real sem o imaginário? Esqueça todas essas melodias, esses ritmos e abstratismos. Arrume um emprego que dê para sustentar sua família e ainda sobre. Sobrar pra quê? Para gastar em cigarros, bebidas, poesia, arte e música – e em tudo aquilo que realmente significa mesmo não tendo significado.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

a poem.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013 0
Todo mundo merece um poema: por menos musicado que possa ser; por menos poesia que possa ter. Todo mundo merece uma estrofe: por mais irregular que ela seja; mesmo que não componha um soneto. Todo mundo merece um verso: mesmo que ele não rime com outro; mesmo que acabe em reticências. Todo mundo merece uma palavra: mesmo que ela simbolize um ponto; mesmo que ela não signifique nada. Todo mundo merece um pouco de amor e um pouco de afeto: mesmo que esse pouco seja só um pouquinho.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

on the phone.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013 0
Como é bom te ouvir sorrindo do outro lado da linha! Contando sobre seu dia e gritando o quanto é bom viver. Dizendo que você foi ao mercado saltitando e conseguiu comprar tudo o que queria. Que andou de ônibus, de táxi e de metrô – tudo no mesmo dia – sem sentir dor alguma. Caminhando com aquele olhar pensativo, encarando todas as pessoas como se você fosse invisível. Cantando Roberto Carlos antes de entrar para assistir à missa do meio-dia. Tricotando suéteres e toalhas de mesa, sentadinha no sofá da sua sala com a televisão ligada. Narrando a felicidade de se fazer algum tipo de ginástica que eu nunca vou entender direito como funciona. Pedindo para eu procurar pelo resultado de uma loteria com a certeza de que essa vez será a sua vez e você, finalmente, conseguirá comprar seu aconchegante apartamento no centro da cidade. Alegrando meus dias apenas com palavras e gargalhadas que me fazem imaginar sua expressão nesse exato momento. Ah, como é bom te ver sorrindo do outro lado da linha!

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

meet me halfway.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013 0
Encontre-me na metade do amar e do odiar. Na metade do querer e do rejeitar. Entre a felicidade e a frustração, entre a força e a derrota. Eu vou estar sempre no meio de alguma coisa, entre o tudo e o nada, sem saber para onde correr, sem mesmo decidir se devo correr ou apenas caminhar. A vida a minha esquerda e a morte a minha direita – ou seria ao contrário? Não importa, o meio é o lugar ao qual estou condicionado a ficar. Estagnado, retido. Talvez essa paralisação seja uma situação na qual eu mesmo me forço a ficar: você sabe como é difícil tomar decisões. Talvez o mundo exija que as pessoas sejam flexíveis demais e estejam sempre prontas para seguir caminhos diversos e, muitas vezes, opostos. Fico entre a ignorância e o conhecimento, a felicidade e a frustração (necessariamente esquerda e direita) - encontre-me aqui.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

monologue.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013 0
- Mas o que você faz da vida? - Espero. - Pelo quê? - Não sei. - Não sabe? - Sei. - Sabe? - Não sei. - O quê? - Espero por alguma coisa que nem deve ter nome, nem deve existir. Espero por algo que vai além do amor, além da riqueza, além de se sentir completo, seguro, feliz e coisas do tipo. Espero por qualquer coisa que não chegue. Porque se chegar... Se a coisa que eu espero vier, tenho certeza de que não será o que eu realmente estava esperando.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

no thing, yes thing.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013 0
O que fazer com essas ebulições e palpitações? Esses anseios, angústias, receios e complicações? Transformar em poesia para ter algo de bonito aqui dentro? Transformar em vômito para me livrar dessas coisas incrustadas ao meu ser? Deixá-las aqui guardadas para ajudarem a me compor, a me fazer existir? Por fim, dou voltas e voltas em torno de alguma coisa e acabo transformando tudo isso em nada. Continuam sendo apenas problemas sem lógica que me corroem e me fazem definhar.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

equilibrium.

terça-feira, 3 de setembro de 2013 0
Menina dos cabelos castanhos claros, da pele branca e das sobrancelhas fortes: o que você está fazendo da sua vida? O que você pensa quando ingere aqueles líquidos de cores infinitas que a deixam com tontura? O que você extrai da fumaça quase transparente que flutua pelos dois cômodos do seu apartamento pouco mobiliado? E essas músicas melancólicas, acho que é Chico Buarque, não sei... O que você sente quando as ouve baixinho deitada do lado esquerdo da sua cama de casal? Por que você se sente tão só como se o mundo não compreendesse seus anseios e ambições? Vira madrugadas lendo livros e mais livros sobre amor, sobre política, sobre culinária, sobre o raio-que-a-parta. Você só acha que não pode parar de ler para não se sentir como se estivesse murchando. Enche-se de leituras, de poesia, de música, de álcool e de cigarro. Mistura gim com café como se fossem ingredientes para a receita perfeita – talvez você devesse largar os romances e ler mais o livro de culinária que está na primeira gaveta debaixo da pia da cozinha. Ou até devesse parar totalmente de ler, parar de beber e jogar todos os maços na privada só para saber que você é completa por si só. E, quando se desse conta disso, não teria problema em começar tudo de novo, só para saber que precisa de algo para se sentir não-tão-vazia [porque completo ninguém nunca é].

terça-feira, 13 de agosto de 2013

He.

terça-feira, 13 de agosto de 2013 0
Sei que não está passando por caminhos claros e limpos, sei que os postes dessa avenida estão com as lâmpadas semi queimadas e o asfalto está quase inandável. A grama não anda tão verde – onde está o rapaz que costumava cortá-la e molhá-la? Deve estar dando uma volta, mas logo volta, não se preocupe. Acho que foi almoçar com a avó, ouvi dizer que ela estava meio adoentada. Ah, não! Ele foi ao bar com o pai para comemorar alguma data importante. Talvez tenha ido ver a mãe num hospital psiquiátrico: disseram que ela levou uma advertência por andar distribuindo cigarros aos pacientes. Que importa? Ele já volta, prometeu que volta. E trará o eletricista para trocar as lâmpadas, trará o agente do trânsito para cuidar do asfalto e o gari para varrer os lixos para longe. E aí, quando tudo estiver de volta aos conformes, você vai conseguir andar e correr e pular e dançar e cantar e gritar e rir ao longo da avenida. Vai se lembrar do gari, do agente, do eletricista e, principalmente, do rapaz que trouxe toda essa gente para que a avenida voltasse a ser avenida. Rapaz... rapaz... Jardineiro? Não. Você.

terça-feira, 23 de julho de 2013

little little.

terça-feira, 23 de julho de 2013 0
Com essa água caindo e essas nuvens pairando e esse sol se escondendo e esse peito gritando, eu levo os meus dias. Levo, não vivo. Só levo, empurro. Porque meu animalzinho está do outro lado do mundo e sem ele o mundo é mais cinza, mais escuro, menos mundo. E fico aqui esperando, torcendo e rezando para que ele embarque no próximo trem, no próximo ônibus, que compre um carro ou um avião a jato e venha logo me encontrar. Que traga sua cor, seu sorriso e todas as coisas únicas que só um animalzinho que vive do outro lado do mundo possui. Que ele arrebente a coleira, pule as cercas, solte-se de seus donos e venha me ver logo, porque a saudade já não cabe numa folha de papel. Venha correndo, pulando, voando, nadando, mas venha. Venha logo para que a água pare de cair e as nuvens se dissipem pelo céu azul e o sol apareça novamente. Venha, bichinho, e traga o alaranjado que você levou da última vez que partiu. Venha para que meu peito pare de gritar.

terça-feira, 18 de junho de 2013

thoughts in a cup of coffee.

terça-feira, 18 de junho de 2013 0
E hoje não consigo pensar em nada a não ser nos seus olhos, seu cabelo, seu nariz, sua boca, suas mãos e o seu resto. Resto que inclui tudo o que há de você em mim e o que há em você que só eu consigo enxergar. Resto que inclui todas os desejos que passam pela minha cabeça, todos os pensamentos que voam com tanta rapidez que não se é possível identificar o fim de um e início de outro. Inclui a saudade antes mesmo do ter que partir. A angústia do ter que partir sem saber quando volto a vir. Tento afogar tudo isso em copos descartáveis de café adoçados com o máximo de açúcar, porém eles só servem para me manter com os olhos arregalados pensando no que há de ser tudo isso. Não quero respostas ou conclusões precipitadas. Vou continuar indagando e rodando dentro da minha própria imaginação até que cheguemos – eu e você – a uma concretude mútua e nossa.

terça-feira, 28 de maio de 2013

floor.

terça-feira, 28 de maio de 2013 0
Sentia-me alto mesmo sentado. No chão. Sem saber se aquele dia duraria, se aquele chão permaneceria firme. E talvez essa fosse a graça: não saber se cairia mesmo já estando. No chão. Sem pensar se duraria, mesmo querendo que durasse. Sem querer que durasse, mesmo sabendo que eu queria. Sabendo que não é uma questão de tempo. Livre para levantar e cair, mas permanecendo ali, no chão frio que parecia aquecido só por ter suas mãos sentindo aquela algidez com as minhas, sem saber o porquê e sem se perguntar pra que. O frio, na verdade, não importava tanto assim se comparado com a sensação de estar e não estar. No chão. Sem necessidade de saber onde colocar as pernas, onde colocar os braços, onde focar os olhos. O meu corpo inteiro estava ali coincidentemente junto com tudo o que há dentro de mim: coração, alma, frio. Tudo estirado ao chão. E no outro lado do chão, não coincidentemente o mesmo lado que o meu, estava você. Eu sem saber se você queria estar, se precisava estar, mas estava. No chão. E eu senti aquele chão de um modo que não havia sentido antes, de um modo estranhamente confortável. No chão, mas me sentia alto. Alto como uma coruja em uma árvore, em um poste, em um edifício de treze andares, no topo de alguma coisa que ainda não tinha nome.

terça-feira, 14 de maio de 2013

synonyms.

terça-feira, 14 de maio de 2013 1
Eu resolvi apagar tudo: as memórias, as lembranças e os pensamentos sobre você. Mas todas essas palavras, no geral, não levam para uma redundância de significados? Não! Não existem sinônimos, assim como não existem clones perfeitos. E eu sei que não vou achar outro de você – e sou grato por isso, para falar a verdade. Não vou ter mais pensamentos iguais, nem lembranças iguais, nem memórias iguais. Nada vai ser igual: você entrou e mudou. Agora pode sair e levar todas essas palavras com você, juntamente com os sentimentos que elas ainda ousam expressar. Deixe-me comigo mesmo para que eu consiga tocar o chão de novo, consiga saber quem sou de novo. E para que, aos poucos, eu vá me libertando de tudo que me prende... prendia. Voe de novo, ame de novo, seja de novo. E, acima de tudo, para que eu ressignifique todas essas palavras que você há de levar consigo ao fechar a porta.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Here, there, here, there.

segunda-feira, 13 de maio de 2013 0
Um nó. Um laço. Um amasso. Um traço. Um rosto. Um sorriso. Uma dor. Uma separação. Um pulmão. Um fígado. Um coração. Um nada. Um ódio. Um tudo. Um segundo. O mundo. Absurdo. Uma freada brusca. Não sei. Cansei. Pensei. Cheguei. Parti. Cheguei. Parti. Cheguei, parti. Parti. Partimos. Um parto. Sangria. O fim. Um fim. O fim. Um fim. Enfim. O quê? Não sei. Cansei.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

blank space.

quinta-feira, 9 de maio de 2013 0
E as coisas são alaranjadas por três dias, uma semana, não chega a um mês. Depois, tornam-se sem cor de novo. Eu poderia dizer que agora são pretas, mas estaria cometendo um erro. Elas são sem cor nenhuma, simplesmente não são mais coisas. Elas podem ser ou ser , mas coisas elas não são. Esvaem-se no ar rarefeito ou afundam na areia movediça do deserto de Atacama. Que importa como é o ar? Que importa se realmente existe areia movediça nesse maldito deserto? As coisas não são mais coisas e ponto. São apenas que nunca mais voltarão a ser coisas. São espaços, lacunas e interrogações.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

to remind.

segunda-feira, 15 de abril de 2013 0
Aquela cadeira Naquela mesa Me lembra você E aquela flor Naquele jardim Me lembra você Aquela meia Suja e jogada Me lembra você E aquelas cartas - velhas cartas Espalhadas pelo chão Me fazem querer esquecer.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

poetic dreams.

quarta-feira, 10 de abril de 2013 0
Hoje eu acordei com todos os sonhos na cabeça, como se eles nunca tivessem saído daqui. Como se estivessem adormecidos, protegidos de mim. Os mesmos sonhos de quando eu tinha treze anos, os mesmos sonhos impossíveis e irrealizáveis. Rondando e rodando dentro dessa caixa branca com fios pretos que balança delicadamente para que eles voltem a dormir. E eu até chego a deitar debaixo dos lençóis, tentando acobertar todos esses pensamentos que insistem em querer voar para onde eu não posso ir, mas nem as cobertas os impedem. Conforme eles saem flutuando, tento apanhar um a um... estico a mão ali e aqui, mas eles se esvaem entre os meus dedos, criam asas imaginárias e voam para além da parede laranja e da janela gradeada. Lá fora, os pequenos grandes voadores se espalham para onde puderem: desde a casa da vizinha que mora com seu esposo comum e três filhos até a casa do velho compositor viciado em cocaína que mora em um bairro afastado do meu. Cada um atinge um lugar da cidade, um lugar do país...um lugar em outro continente, por quê não? Já que não posso prendê-los de jeito algum, quero mais é que eles voem até acharem seus lugares, até se convencerem que são impossíveis. Então, depois disso, eles voltarão para dentro, trocarão de asas e tentarão novamente alcançar seus destinos, do mesmo jeito que tentam desde os meus treze anos. E assim, por causa dessa revitalização permanente, eu me renovo também. Continuo construindo sonhos - que sei impossíveis, mas que sei que ganharão novas asas -, deixando-os livres para se tornarem o que quiserem, para se liquefazerem no papel e se tornarem poesia. Querer ter poesia sempre é o sonho com as maiores asas. Mas sonhos voam, sonhos morrem, sonhos se reformulam. E a poesia? A poesia permanece dentro.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

maybe Mars.

segunda-feira, 8 de abril de 2013 0
E eu fui saindo de perto para não precisar matá-lo dentro de mim, para evitar o verdadeiro fim. Sabe como é? As palavras se espalham feito epidemia e é impossível controlá-las. E eu fico ali, em meio ao tiroteio de letras, sem saber o que é verdade e o que é invenção. Prefiro esconder-me para não me desgastar. Então, eu me escondo de você e tento esconder você de mim mesmo: fingir que não existe, que foi pra Tóquio, pra Marte ou pra qualquer outro lugar que eu não consiga chegar. Continue lendo seus livros, escrevendo suas coisas e sendo o que é, mas só peço que não volte. Fique longe para que eu seja forte e seja longe para que eu seja meu.

terça-feira, 26 de março de 2013

missing.

terça-feira, 26 de março de 2013 1
E acho que perdi toda a fé no mundo ao me perder de você. Perdi a fé que eu tinha na vida, a vontade que eu tinha de amar, perdi a esperança em toda e qualquer coisa viva. Não acredito no gato miando no telhado, nem na flor que insiste em nascer no meu quintal – não acredito mais em mim. Fico contando os quadradinhos da toalha de mesa quadriculada enquanto reviro a comida no prato sem colocar uma garfada sequer na boca. Fico pensando em tudo sem pensar em nada quando me deito para tentar dormir – tentar. Rolo para cá, troco o travesseiro de lado, ligo e desligo o ventilador: o sono não vem e os pensamentos não se vão. Ando sem ter para onde andar, sem conseguir me encontrar em mim mesmo. (...) Sem rumo, sem raciocínio. Você me tirou o que sempre esteve comigo: a paz.

segunda-feira, 18 de março de 2013

in your brown eyes.

segunda-feira, 18 de março de 2013 0
Olhe aqui. Eu não preciso que pronuncie uma palavra sequer, apenas estou pedindo para você me olhar. Olhe aqui dentro dessas duas esferas castanhas que são capazes de o enxergar dos pés à cabeça. Olhe bem fundo porque eu gosto de ser olhado. Na verdade, gosto que você me olhe. Gosto que me olhe por mais de dez segundo sem desviar o seu olhar do meu. Você consegue me olhar até que eu me sinta totalmente protegido? E se demorar? E se seus olhos começarem a arder? Você simplesmente os fecharia? Eu não peço muito: não peço que me beije, que me abrace, que me ame. Peço apenas que me olhe. E só assim, eu já me sinto abraçado, beijado e amado. Por mais que não haja amor, por mais que não haja nada. Só os seus olhos nos meus já me bastam.

quarta-feira, 13 de março de 2013

lock, unlock.

quarta-feira, 13 de março de 2013 0
Todos aqueles amores, todos aqueles sonhos e aquelas flores naqueles corredores eram imaginação. Bem como aquelas palavras, aquelas mentiras e até mesmo aquelas verdades. Os afetos, os afagos, os carinhos e as juras. Os planos, os laços, os amassos e todos aqueles abraços que demos, ou vendemos? Era um amor exposto, pronto para ser comprado e louco para ser vendido. Então, compramos e vendemos ao mesmo tempo. A troco de quê? Podíamos apenas ter trocado corações como se trocam olhares por aí. Mas preferimos nos render a esse mundo no qual todo mundo precisa ser alguém de e para alguém. Eu era para você e você era pra mim. Um beijo por um abraço, um sorvete por um sorriso, um 'eu te amo' por uma... Deixa pra lá. Esse amor foi sendo vendido e comprado até que as barganhas acabaram; já não havia mais nada a se vender ou doar. Larguei suas coisas de lado, peguei as minhas de volta e sai por essa porta. Essa porta que era sua antes de eu ter entrado, porta que era só sua não importa o que a gente se desse ou trocasse ou vendesse. E tenho certeza de que outra pessoa irá bater, você abrirá - com receio, mas abrirá - e as trocas começarão outra vez. Talvez com outro tipo de moeda, outro tipo de vocabulário, outros tipos de sensações. Porém, no final, quando as trocas também acabarem e o dinheiro de vocês não puder comprar mais nada, não se esqueça de uma coisa: a porta será sempre sua.

sexta-feira, 8 de março de 2013

jude.

sexta-feira, 8 de março de 2013 0
Vamos dar uma volta por esse bosque feito de verde e pássaros. Colheremos algumas flores para enfeitar a cesta de palha que você carrega nas mãos, balançando-a suavemente para frente e para trás. E, depois, sentaremos em cima da toalha xadrez que sua avó bordou para o nosso casamento. Você se lembra do dia em que casamos? Era uma tarde de outono (primavera talvez – você sabe que sempre fui ruim com estações do ano), você estava muito nervosa e ficamos sem nos ver o dia todo: foi um sacrifício para mim. Confesso que quase desisti de casar quando soube que teria que ficar um dia inteiro sem a ver. Mas, no fim, as coisas ficaram bem. Você quase caiu quando entrou de branco no tapete vermelho enquanto eu chorava no altar em cima do meu paletó preto. Aquela cena ficou intacta na minha memória e eu consigo lembrar de cada detalhe, cada rosto conhecido, cada cor, cada expressão do seu sorriso desajeitado e tímido caminhando por aquele corredor que parecia maior do que realmente era. Mas você chegou: andou, andou e chegou. Chegou onde eu estava e me trouxe o que faltava. Talvez não faltasse nada, mas você me trouxe mesmo assim. E daquele lugar, fomos direto para um lugar só nosso, construir nosso casamento fora de todo aquele barulho, de toda aquela poluição. E, aqui estamos... caminhando nesse bosque feito de verde e de amor, colhendo flores e frutos e folhas e feridas. Observando o céu e o sol e as nuvens e o verde e o vermelho do nosso amor. Mãos dadas, alianças cruzadas, dourado e vermelho.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

roads.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013 0
Já não sabemos mais onde foi que nossos caminhos tomaram rumos e destinos diferentes – mas uma coisa é certa: eles não se cruzaram mais. Quem sabe se eu pegar um desvio ou uma ponte que me leve pra qualquer lugar possível de você estar? E se eu continuar andando em frente e correndo em direção ao horizonte na esperança de que em algum lugar, lá na frente, eu ache você caminhando lentamente, tentando me encontrar em alguma esquina dessas, em algum bar desses, em algum buraco. Com as mãos vazias e o coração cheio de vento, eu continuo andando sem saber para onde quero ir, se quero ir, se conseguirei chegar. Sem saber se vou encontrar você, se quero encontrar você, se consigo encontrar você de novo. E quando eu encontrar, se eu encontrar, você vai estar com as mãos nos bolsos ou de mãos dadas com alguém encontrado no caminho novo – caminho só seu. E se eu conseguir transpor o Rio São Francisco e colocar a minha estrada junto da sua? Será que eu conseguiria unir os nossos caminhos novamente de modo que eles continuassem seguindo, quilometro por quilometro, até adentrarem em uma casa pequena e aconchegante onde só há lugar para duas pessoas e um animal de estimação? Será? Então eu opto por virar à esquerda, não sabendo o que esperar e o que me espera.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

22.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013 0
Sento-me aqui agora e me forço a escrever. Preciso escrever para que eu nunca esqueça o quão radiante eu estou agora. Se há três anos eu escrevia sobre o quão só eu me sentia em datas comemorativas, hoje eu posso afirmar que cada dia tem sua particularidade positiva. Não foi fácil chegar onde estou, não foi fácil conquistar o que eu conquistei - mesmo eu sabendo que ainda não cheguei na metade de onde eu pretendo chegar, nem na metade do que eu tenho que alcançar. Mas sinto-me afortunado por ser o que sou com tantos e poucos anos: dois patinhos na lagoa. E por que eu não posso ser esses dois patos? Um branco feito algodão e outro mais negro que a escuridão. Eu insisto: eu sou os dois patinhos na lagoa. Talvez vinte e dois anos seja uma idade banal, sem muita pompa, sem muito motivo para comemoração... Mas é preciso comemorar, é necessário me revigorar e tirar todo o proveito de cada 'parabéns' recebido. Felicitações de pessoas que, às vezes, nem estão tão presentes, mas que lembram de você pelo menos uma vez ao ano para desejar tudo de melhor que existe no universo. E eu não duvido da sinceridade desses desejos. Eu sinto cada palavra de carinho adentrando minha pele e passando a me constituir também. E eu acho que é esse o sentido da vida: querer bem as pessoas para também ser querido; lembrar para também ser lembrado; dizer para também ouvir. Não acredito que nesses três anos eu tenha me transformado em algo que não era, mas acho que meus olhos mudaram. Aprender a enxergar o que é pra ser enxergado é essencial, mesmo que seja fantasia, mesmo que seja invisível. O lado bom e mágico das coisas precisa ser captado e salvo em nossa mente, para que o que é ruim seja esquecido de forma natural, sem precisar doer tanto. É simples: as coisas boas entram, as ruins saem. Então, continuo preferindo ser dois patos a ser um só: quando um cansa de nadar, o outro encara a correnteza e me carrega para frente. O rio não vai parar e a vida também não.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

maria.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013 0
Não se sinta abandonada, porque você sabe que eu estarei com você onde quer que você esteja. Mesmo que esteja sem nada, mesmo que esteja em outro planeta. Mesmo que seja presença somente na memória, nas lembranças. Não ligue para o que os outros pensam ou dizem, só nós sabemos da nossa verdade construída [e linda]. Todas as conversas e todos os chamegos, todas as palavras e poesia. A melodia que você me ajudou a compor e os versos que eu você escreveu inspirada por mim são indestrutíveis e, de um modo ou outro, eles nos fazem continuar vivendo e querendo viver, rimando e querendo rimar. Seguimos cantando todo tipo de música, todo tipo de som: e as coisas que a vida nos faz passar são somente rimas a mais nos nossos poemas, são folhas e lápis que nos fazem continuar escrevendo e escrevendo, para que a inspiração não acabe e para que a poesia não se suicide. E qual a nossa missão? Qual a sua missão? Continuar escrevendo, cantando, rimando e sorrindo para que sirva de inspiração para mim, para o mundo e, principalmente, para que seja inspirada para você mesma. Continue fazendo suas coisas, tendo seus sonhos, seus planos... Continue contando suas histórias ou guardando seus segredos. Continue sendo milhões de pessoas, sendo Maria, sendo Lúcia, sendo quem quiser... Só peço que continue sendo. Continue sendo para que eu possa continuar sendo também e continue sendo porque você é. Você simplesmente é e não pode deixar de ser.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

solitude.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013 0
É incalculável o prazer de se sentir solitário: talvez essa afirmação soe doentia ou incoerente, mas o solitário, com certeza, há de concordar comigo. Começando por todas as formas de artes, expressões solitárias: a pintura, a música, a poesia. Não há nada mais solitário e complexo que o verso. Não há nada mais grandioso que a solidão que o quadro é capaz de manifestar. Sem contar a preciosidade da melodia única e singular composta por um indivíduo igualmente único e singular. Um momento de solidão ou apenas a sensação de estar solitário podem proporcionar viagens e delírios inestimáveis. O sentimento de conseguir concluir algo por si só e poder admirá-lo sabendo que tudo o que foi feito saiu de uma [sua] cabeça solitária é insubstituível. Nada se compara à força que uma música escrita sobre [e na] solidão transmite ao ouvinte que se sente sozinho. E mesmo uma pintura colorida, quando feita por uma pessoa entre quatro paredes, tem o poder de transformar toda a solidão com que foi criada em uma luz clara e limpa aos olhos do admirador. Por mais pessoas que estejam envolvidas em uma obra, a solidão é capaz de singularizar cada pedacinho dela, de modo que a solidão seja sentida em cada traço, em cada verso, em cada nota musical. Quer felicidade maior que ver uma fotografia bem tirada? [colorida ou em preto & branco, não importa]. Apenas a solidão e a individualidade do olhar do fotógrafo poderia ter enquadrado tantas energias e sentimentos em um só papel, de modo particular. Se ainda não está claro que a solidão é prazerosa, experimente sentar-se sozinho e começar a lembrar de todas as coisas que já aconteceram na sua vida desde que você se lembra. A possibilidade de lembrar e de sonhar são solitárias: ninguém vai sonhar os seus sonhos da maneira que você sonha, ninguém vai lembrar das suas recordações exatamente igual você lembra. A solidão permite que você torne as suas coisas mais suas, que consiga ser feliz apenas por fechar os olhos e deixar os pensamentos bons virem. A solidão possibilita que você escreva um texto, do mesmo jeito que escrevo agora, e estabeleça conexões com todos os seus passados, presentes e futuros possíveis, vivíveis e imagináveis. Se bem que a imaginação pode ir além do imaginável e só a solidão do seu cérebro é capaz de acompanhar a complexidade desse raciocínio desregrado e ilógico. Um mundo de coisas conciliadas e harmonizadas nasce quando você mergulha dentro da sua própria solidão. Permita-se ser solitário sem medo de ser sozinho, porque a diferença entre essas duas palavras iniciadas pela mesma consoante é perceptível apenas na entonação em que são pronunciadas. Porém, se a pronúncia não o ajudar a distinguir ‘solitário’ de ‘sozinho’, sinto muito, mas somente um mergulho nos seus pensamentos solitários poderá satisfazer a vontade de saber.
 
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