terça-feira, 28 de maio de 2013

floor.

terça-feira, 28 de maio de 2013
Sentia-me alto mesmo sentado. No chão. Sem saber se aquele dia duraria, se aquele chão permaneceria firme. E talvez essa fosse a graça: não saber se cairia mesmo já estando. No chão. Sem pensar se duraria, mesmo querendo que durasse. Sem querer que durasse, mesmo sabendo que eu queria. Sabendo que não é uma questão de tempo. Livre para levantar e cair, mas permanecendo ali, no chão frio que parecia aquecido só por ter suas mãos sentindo aquela algidez com as minhas, sem saber o porquê e sem se perguntar pra que. O frio, na verdade, não importava tanto assim se comparado com a sensação de estar e não estar. No chão. Sem necessidade de saber onde colocar as pernas, onde colocar os braços, onde focar os olhos. O meu corpo inteiro estava ali coincidentemente junto com tudo o que há dentro de mim: coração, alma, frio. Tudo estirado ao chão. E no outro lado do chão, não coincidentemente o mesmo lado que o meu, estava você. Eu sem saber se você queria estar, se precisava estar, mas estava. No chão. E eu senti aquele chão de um modo que não havia sentido antes, de um modo estranhamente confortável. No chão, mas me sentia alto. Alto como uma coruja em uma árvore, em um poste, em um edifício de treze andares, no topo de alguma coisa que ainda não tinha nome.

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