terça-feira, 28 de maio de 2013

floor.

terça-feira, 28 de maio de 2013 0
Sentia-me alto mesmo sentado. No chão. Sem saber se aquele dia duraria, se aquele chão permaneceria firme. E talvez essa fosse a graça: não saber se cairia mesmo já estando. No chão. Sem pensar se duraria, mesmo querendo que durasse. Sem querer que durasse, mesmo sabendo que eu queria. Sabendo que não é uma questão de tempo. Livre para levantar e cair, mas permanecendo ali, no chão frio que parecia aquecido só por ter suas mãos sentindo aquela algidez com as minhas, sem saber o porquê e sem se perguntar pra que. O frio, na verdade, não importava tanto assim se comparado com a sensação de estar e não estar. No chão. Sem necessidade de saber onde colocar as pernas, onde colocar os braços, onde focar os olhos. O meu corpo inteiro estava ali coincidentemente junto com tudo o que há dentro de mim: coração, alma, frio. Tudo estirado ao chão. E no outro lado do chão, não coincidentemente o mesmo lado que o meu, estava você. Eu sem saber se você queria estar, se precisava estar, mas estava. No chão. E eu senti aquele chão de um modo que não havia sentido antes, de um modo estranhamente confortável. No chão, mas me sentia alto. Alto como uma coruja em uma árvore, em um poste, em um edifício de treze andares, no topo de alguma coisa que ainda não tinha nome.

terça-feira, 14 de maio de 2013

synonyms.

terça-feira, 14 de maio de 2013 1
Eu resolvi apagar tudo: as memórias, as lembranças e os pensamentos sobre você. Mas todas essas palavras, no geral, não levam para uma redundância de significados? Não! Não existem sinônimos, assim como não existem clones perfeitos. E eu sei que não vou achar outro de você – e sou grato por isso, para falar a verdade. Não vou ter mais pensamentos iguais, nem lembranças iguais, nem memórias iguais. Nada vai ser igual: você entrou e mudou. Agora pode sair e levar todas essas palavras com você, juntamente com os sentimentos que elas ainda ousam expressar. Deixe-me comigo mesmo para que eu consiga tocar o chão de novo, consiga saber quem sou de novo. E para que, aos poucos, eu vá me libertando de tudo que me prende... prendia. Voe de novo, ame de novo, seja de novo. E, acima de tudo, para que eu ressignifique todas essas palavras que você há de levar consigo ao fechar a porta.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Here, there, here, there.

segunda-feira, 13 de maio de 2013 0
Um nó. Um laço. Um amasso. Um traço. Um rosto. Um sorriso. Uma dor. Uma separação. Um pulmão. Um fígado. Um coração. Um nada. Um ódio. Um tudo. Um segundo. O mundo. Absurdo. Uma freada brusca. Não sei. Cansei. Pensei. Cheguei. Parti. Cheguei. Parti. Cheguei, parti. Parti. Partimos. Um parto. Sangria. O fim. Um fim. O fim. Um fim. Enfim. O quê? Não sei. Cansei.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

blank space.

quinta-feira, 9 de maio de 2013 0
E as coisas são alaranjadas por três dias, uma semana, não chega a um mês. Depois, tornam-se sem cor de novo. Eu poderia dizer que agora são pretas, mas estaria cometendo um erro. Elas são sem cor nenhuma, simplesmente não são mais coisas. Elas podem ser ou ser , mas coisas elas não são. Esvaem-se no ar rarefeito ou afundam na areia movediça do deserto de Atacama. Que importa como é o ar? Que importa se realmente existe areia movediça nesse maldito deserto? As coisas não são mais coisas e ponto. São apenas que nunca mais voltarão a ser coisas. São espaços, lacunas e interrogações.
 
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