quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

solitude.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
É incalculável o prazer de se sentir solitário: talvez essa afirmação soe doentia ou incoerente, mas o solitário, com certeza, há de concordar comigo. Começando por todas as formas de artes, expressões solitárias: a pintura, a música, a poesia. Não há nada mais solitário e complexo que o verso. Não há nada mais grandioso que a solidão que o quadro é capaz de manifestar. Sem contar a preciosidade da melodia única e singular composta por um indivíduo igualmente único e singular. Um momento de solidão ou apenas a sensação de estar solitário podem proporcionar viagens e delírios inestimáveis. O sentimento de conseguir concluir algo por si só e poder admirá-lo sabendo que tudo o que foi feito saiu de uma [sua] cabeça solitária é insubstituível. Nada se compara à força que uma música escrita sobre [e na] solidão transmite ao ouvinte que se sente sozinho. E mesmo uma pintura colorida, quando feita por uma pessoa entre quatro paredes, tem o poder de transformar toda a solidão com que foi criada em uma luz clara e limpa aos olhos do admirador. Por mais pessoas que estejam envolvidas em uma obra, a solidão é capaz de singularizar cada pedacinho dela, de modo que a solidão seja sentida em cada traço, em cada verso, em cada nota musical. Quer felicidade maior que ver uma fotografia bem tirada? [colorida ou em preto & branco, não importa]. Apenas a solidão e a individualidade do olhar do fotógrafo poderia ter enquadrado tantas energias e sentimentos em um só papel, de modo particular. Se ainda não está claro que a solidão é prazerosa, experimente sentar-se sozinho e começar a lembrar de todas as coisas que já aconteceram na sua vida desde que você se lembra. A possibilidade de lembrar e de sonhar são solitárias: ninguém vai sonhar os seus sonhos da maneira que você sonha, ninguém vai lembrar das suas recordações exatamente igual você lembra. A solidão permite que você torne as suas coisas mais suas, que consiga ser feliz apenas por fechar os olhos e deixar os pensamentos bons virem. A solidão possibilita que você escreva um texto, do mesmo jeito que escrevo agora, e estabeleça conexões com todos os seus passados, presentes e futuros possíveis, vivíveis e imagináveis. Se bem que a imaginação pode ir além do imaginável e só a solidão do seu cérebro é capaz de acompanhar a complexidade desse raciocínio desregrado e ilógico. Um mundo de coisas conciliadas e harmonizadas nasce quando você mergulha dentro da sua própria solidão. Permita-se ser solitário sem medo de ser sozinho, porque a diferença entre essas duas palavras iniciadas pela mesma consoante é perceptível apenas na entonação em que são pronunciadas. Porém, se a pronúncia não o ajudar a distinguir ‘solitário’ de ‘sozinho’, sinto muito, mas somente um mergulho nos seus pensamentos solitários poderá satisfazer a vontade de saber.

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