terça-feira, 20 de setembro de 2011

arrested.

terça-feira, 20 de setembro de 2011
Como um punhal cravado - foram assim que as palavras saíram da sua boca. Elas sequer saíram, elas sequer se deram ao trabalho de sair. Foram derramadas, friamente, pelas suas mãos gélidas e trêmulas. Estão, agora, sobre a mesinha suja e velha do computador. Todas atiradas, mortas, estendidas e vermelhas. Vermelhas de sangue, vermelhas de paixão, de morte. E não adianta assoprar, não adianta empurrar: elas não se movem. Aos poucos, percorrendo os pés da mesa, o sangue se encontra com o chão. Sangue e lama - não é o par perfeito visto de um coração fossilizado? Um coração empoeirado, que havia saído para dar uma volta pelo campo fresco da Irlanda, mas é obrigado a voltar para trás das grades da costela branca e sem vida que adormece duramente. Volte sim. Volte sim, coração. Volte para o mundo preto e branco que não te faz sentir, não te faz mal, que não te faz nada. Volte para seu cárcere que também é refúgio. Fique quietinho, adormeça apoiado nestas tábuas brancas que o rondam. Volte, pequeno imcompreendido, volte para onde te compreendem (onde apenas existe você). Agasalhe-se, faz muito frio lá fora! Fique aqui, aconchegante, quentinho, assistindo aos seus programas prediletos e tomando um chocolate quente. Não ouse sair de novo, estamos entendidos? Chamo os seguranças, chamo a polícia e o prendo aqui novamente, para que não se dê a liberdade de sofrer de novo, não se dê a chance de errar e para que não sangre mais. Coração, fique aqui para não sangrar. Fique aqui para não amar.

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