domingo, 23 de janeiro de 2011

all around.

domingo, 23 de janeiro de 2011
Tantas almas passam por mim, tantas almas tão pouco gêmeas. Cada rosto, uma singularidade. Cada rosto, nenhuma peculiaridade perceptível. Olho, olho. Por mais que eu olhe, os corpos parecem tão semelhantes, sem nenhum brilho, sem nenhuma cor. Talvez eu esteja ficando cego, talvez esteja ficando muito exigente. Almas passam e passam, a música perfurando os meus tímpanos é a única coisa que eu ouço. Às vezes, correm caminhões e invadem minha mente, com aquele barulho atordoante, mas não conseguem ser mais forte que a minha música por muito tempo. O silêncio barulhento persiste e insiste, consiste em me ensurdecer e consegue, de um estranho modo, cegar-me também. Olho, olho. Ouço, ouço. Tantas vozes e nenhum som. Tantos sons e nenhuma voz. É capaz de me entender? Tantos traços e nenhum rosto. A minha mente flutua e acaba voltando para o mesmo lugar. Meus pensamentos vão até o castelo, o arco-íris, a casa na montanha. Afogo-me de novo nesse copo sem cor, sem sonho, sem esperança. Cheio, mesmo sem nada, ele permanece cheio, completando-me com o seu vazio. Afogo os castelos, os duendes e as fadas. Acabo engolindo-os e me esquecendo deles, como alguém que esquece o que comeu em sua última refeição. Olho os mesmos rostos sem semblantes e as mesmas vozes afônicas - vozes sem sons e rostos sem traços.

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