segunda-feira, 6 de setembro de 2010

anywhere.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010
As cortinas estão fechadas, a luz apagada. Mesmo assim, consigo enxergar as marcas que você me deixou - meu corpo e minha alma estão roxos. Você sempre vai e leva um pedaço de mim, como se me trouxesse vida e depois a tomasse de uma vez, sem pena. Por quantos verões terei que passar, em quantos invernos terei que chorar? Podíamos estar a meio caminho de lugar algum, mas estamos sempre travados no começo. E eu não sinto necessidade de contar isso a ninguém, eles não entenderiam, só colocariam-me pra baixo, diriam o que eu já sei - que sou um tolo e gosto de sofrer. Calem a boca! Vocês não sabem o quão bem eu me sinto, o quão vivo eu sou quando estou lá, deitado naquela cama, naquele chão, naquele céu, naquele nada; quando estou deitado naqueles braços, naquelas pernas, naquele rosto, naquele corpo. Sinto-me amarrado, como se eu estivesse preso e não quisesse me soltar - e alguém disse que eu quero? Vocês me vêem sozinho, no fundo do poço, implorando pela morte ou pedindo doses em um bar qualquer. Queria que vocês vissem o quão puro eu me torno quando estou deitado, ou sentado, ou agachado, ajoelhado. Queria que vissem a vulnerabilidade, a necessidade, o bem-estar. Vocês só vêem a angústia - e talvez essa se sobressaia, realmente. Eu só peço pra ficar deitado ou a caminho de lugar algum. Apenas peço pra ficarmos deitados.

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