Aos poucos, bem devagar, sem que eu percebesse, ela foi me deixando. Quando dei por mim, descobri que ela tinha ido de vez – não voltará, eu a perdi irremediavelmente.
Como foi? Onde ela ficou?
Comecei a procurá-la. Alguém a viu? Onde foi que a deixei? Como pude perdê-la de tal modo? Tão linda! Tão sonhadora, tão transbordante de alegria e ideais. Éramos só ilusões e sonhos – muitos sonhos!
Não sei o lugar exato onde ela ficou. Fomos nos separando aos poucos sem querer, sem perceber. Afastamo-nos pelas andanças da vida. Pensei no passado e comecei a lembrá-la. Revi os lugares percorridos e os momentos vividos. Não encontrei respostas.
Já, agora, vejo-me sem esperanças de reencontrá-la. Desperto, então, para uma grande realidade: tudo que perdi pelos caminhos da vida só me fez ver que, com aquela perda, meu crescimento interior foi proveitoso. Que os sonhos – alguns germinados e outros esquecidos – foram só lindos sonhos.
Senti muitas saudades. Uma saudade tão boa, tão doce, por bons tempos. Esta saudade trouxe-me um riso amargo nos lábios silenciosos e encheram de lágrimas meu olhar distante. Esta imensa saudade trouxe-me de volta um passado tão longínquo, tão cheio de felicidades e emoções que eu julgava esquecidas para sempre.
Descobri agora onde ficaram minha juventude e minha mocidade: foi nas caminhadas para a maturidade, amadurecimento e, obviamente, para o envelhecimento. Vejo que sei muito mais que antes, considero-me quase uma sábia. Entendi, mas jamais a terei de volta. Foi-se para sempre.
Continuo envelhecendo, porém minha alma continua jovem, extremamente nova – ela nunca envelhecerá. Aprendi que a vida para de nos dar e começa a nos tirar. Sou muito feliz!
Entretanto, como sempre, o tempo não perdoa e a velhice vai chegando sem avisar, deixando cabelos brancos e rugas em meu rosto. Junto com tudo isso, deixa a saudade boa que nossa alma vem perfumar.
sábado, 25 de setembro de 2010
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