segunda-feira, 5 de julho de 2010

desperate.

segunda-feira, 5 de julho de 2010
Parecia que a placa com letras garrafais brancas e fundo vermelho tentava me dar uma ordem, mas como eu nunca fui de obedecer muito, prossegui. Era como se eu tivesse me destruindo e, fazendo isso, eu nascia de novo, fortalecia-me. Por mais cigarros que eu fumasse e mais vinhos que eu bebesse... Nada seria o suficiente pra fazer aquela dor passar. As pessoas passavam e olhavam: "O quê esse menino tá tentando fazer no meio da rua?". Danem-se! Eu estava tentando me colocar dentro de uma bolha e, aparentemente, estava conseguindo. A única coisa que me despertava, às vezes, era aquela pequena criatura indefesa que eu levei comigo - ela ficava rodando em torno de mim, tentando explorar o ambiente, conhecer tudo o que havia ali. Enquanto eu queria sumir, ela queria aparecer. Eu queria desconhecer, ela queria se apresentar, se mostrar. Frágil, eu teria que dar conta de me matar e não deixa-la morrer - e cá entre nós, nunca fui bom em conciliar vida e morte, nunca fui bom com meios termos. Quatro apagados, uma vazia - de que importa sobre o que estou falando? Minhas pernas ficaram bambas e eu só me dei conta quando já estava tremendo. Como eu iria voltar pra casa? Ah, eu estava longe e perto ao mesmo tempo, como se eu estivesse em outro mundo e só com dois passos, já estava em casa de novo. Parece-me que a criaturinha não era a única insegura, né? Não saio de perto da calçada pra não me perder, sempre tive medo de alcançar o que não tem volta. Voltei! Era como se nada houvesse acontecido, eu só sentia vontade de deitar e nunca mais levantar, mas outra vida precisava de mim - pequena e sincera criatura. Ia começar a falar do meu amor puro e sincero por ela, mas acho que essas histórias melosas estão muito desatualizadas. Então a lavei e continuei com meu desespero. Carrego-o até agora. Até quando?

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