domingo, 18 de outubro de 2009

dark moon.

domingo, 18 de outubro de 2009
Olho lá fora. As grades não são o suficiente pra esconder o que há. Há o mundo, mas agora não há nada. Só consigo ver uma luzinha brilhando lá no fundo - o resto é escuridão. A lua deve estar escondida atrás de uma nuvem qualquer. Será que ela ter vergonha de mim? Eu fui sempre tão seu amigo, por que teria? Na verdade, já fomos mais que amigos - namoramos. Mas não conte a ninguem, ela deve se envergonhar de namorar alguem assim...como eu! Eu a amei tanto, mas passou. Larguei-a e também a trai. Fui tão malvado, não acha? Pois não há arrependimentos - só há escuridão. Ela insiste em brilhar, às vezes. Aparece, esconde-se. Decida-se. Ou voce ainda me quer ou não. Não precisa responder, está nos seus olhos que voce me deseja - por quê não desejaria? Sempre fui tão bom com voce, sempre te amei. Mas voce sempre me irritou, pequena lua, sempre. O amor era imenso, a raiva estava em crescimento. E aos poucos, como numa gangorra, um tem que subir pro outro descer. E foi assim: o amor caiu ao chão, lambusou-se inteiro de areia, enquanto a raiva ficou lá, estática e salva, imóvel e duradoura. Meses já se passaram, voce ainda não sabe se cederá lugar para o sol brilhar, insiste em duvidar. Enquanto isso, a raiva ainda te admira de longe - agora, de cima do escorregador. Quando ela ameaça descer, voce ressurge e a faz olhar fixamente para o seu brilho que já não está mais tão brilhante. Voce não brilha mais, mas não conheço outro nome para chamá-lo. O brilho apagado transforma-se em que? Escuridão? Voce não está tão escura assim - o mundo visto da minha janela é mais negro que voce. Lua, deixe o sol brilhar agora. Está na hora de amanhecer. Os japoneses vão morrer de insolação. Não que eu me importe - os japoneses nunca foram um interesse meu. Mas a minha janela quer algo claro - aquela luz longinqua não basta. As minhas grades querem aquecer-se com o calor que você nao pode proporcionar. Por que voce nao vai embora, lua? Voce é tão serena, tão monótona, tão calma, tão entediante. O sol é tão imenso, tão brilhante, tão poderoso, tão forte, tão quente. Deixe-me queimar, não me importo. Só nao quero morrer de tédio na sua escuridão. Quero olhar no espelho e ver minha pele vermelha, quero deitar para dormir e lembrar que não devo ficar deitado de costas à beira de uma piscina. Quero sentir alguma coisa. E voce fica ai parada, sem fazer nada, sem dizer nada. E ainda quer contestar dizendo que o sol também não fala. E eu respondo-lhe: E um ser daquele precisa falar, insignificante lua? Ele é tudo por si só, uma boca seria indiferente. Ele irradia, ilumina. E você? Insiste em não fazer nada. Suma, ser minúsculo. Quero que o mundo consiga ver meus olhos sob a verdadeira luz, que eles enxerguem minha alma, minhas qualidades. Voce só consegue apontar meus defeitos, mas continua me amando. Confesse! Voce só faz isso para eu continuar dependendo de voce, não é? Pois eu não dependo - nem um pouco sequer. Estou te expulsando, literalmente. Saia do meu céu. Deixe-me voar sem ter que me preocupar com a sua presença. Quero livrar-me de você. Vá tentar brilhar em outro lugar. Duvido muito que consiga, mas vá. Deixe-me aqui até as seis da manhã, esperando pelo meu novo amor. E se ele não vier, não tem problema. Eu só quero esperar e esperar. Esperar até que ele chegue. E se não chegar, não importa também. Não a terei mais aqui e isso bastará para que eu esteja em paz. Esperarei e esperarei. O sol há de vir!



Moon, set me to earth.
I cannot breathe anymore.
Sun, gimme your brilliance.
I cannot shine anymore.

So take my body to another place
Away from the darkness
Take my pain away, take my pain.

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