domingo, 6 de setembro de 2009

hero.

domingo, 6 de setembro de 2009
Como eu nao tenho nada de bom pra falar e estou precisando muito escrever, vou revirar o passado. Ou presente? Ah! Sei la. Vou trazer das cinzas algo que está enterrado, mas as vezes renasce. Morre de novo e nasce - e assim sucessivamente, desde que eu me entendo por gente. Eu falei 'gente', ou seja, a partir dos dez anos. Nao que eu nao fosse gente antes, mas eu já disse que tenho uma memoria pessima. As recordaçoes começam do dia que voce foi embora. Eu nao entendi o porquê, voce apenas gritou algumas palavras e foi. Eu tentei esconder a chave, mas voce era mais forte - era, agora eu o sou - e conseguiu acha-la e pega-la de mim. Ela tentou me explicar o motivo da sua partida, mas foi duro entender. É duro entender. Eu ainda nao entendo. Sou uma criança quando se trata disso. Acho que desde aquele dia, parei de crescer. Continuei com os meus dez anos, porém dez anos fortalecidos com oito. Oito anos de experiencia, oito anos de ausencia. Se eu disser que nao fez falta, voce saberá que estou mentindo. Se eu falar que faz falta, eu saberei que estou. De uma maneira ou de outra, eu acabei te deixando ir embora. Às vezes, doi - raramente. Mas eu estou bem, sobrevivi. E talvez estivesse pior se voce tivesse continuado aqui, talvez nao estivesse tão forte, talvez nao fosse quem eu sou, nao pensaria como eu penso, nao escreveria do jeito que o faço. Talvez eu nao seria o idealizador que sou, talvez eu nao valorizasse quem lutou por mim e pra mim, quem esteve sempre ao meu lado e eu nao percebi. Todas as nossas brigas foram degraus e se eu estou mais no alto, é porque voce nao conseguiu me levantar. Foi por esforço proprio - e ajuda das pessoas a que me referi. Esforço proprio. Eu fui capaz de lutar pelos meus 'ideais' - por mais simples que eles fossem - e alcancei a maioria deles. Se bem que ainda há muito pela frente, mas quem se importa? Eu ja falei que sou forte agora, nao graças a voce, mas graças a falta de voce.
Agora...Sinceramente, queria que voce fizesse mais falta, queria me importar um pouco mais. Tudo bem que eu ia sofrer um pouco, em vão, mas pai é pai. Alias, pai devia ser pai. Voce só foi pai enquanto eu tinha uma mãe. E depois, foi pai enquanto tinha uma mulher do seu lado, pra te ajud...MANDAR em voce. Agora que eu nao a suporto mais, cade meu pai? Mesmo que de fim de semana, cade meu pai quinzenal? Nao sei e nao sinto falta. Lembra-se quando eu te disse pra voce tomar cuidado, que um dia eu cresceria e nao precisaria mais dos seus cuidados? Então. Bem-vindo a minha maturidade, bem-vindo a minha versão que nao precisa de voce. Não que eu nao vá te ajudar quando voce precisar, longe de mim. Mesmo eu nao lembrando, voce ja deve ter feito muito por mim. Fez? Na sua cabeça, com certeza deve ter feito. Mas fez? Enfim. Se nao fez, nao vai ser agora que irá suprir todas as minhas necessidades. Ta, voce sabe que eu dramatizo demais, minha infancia/adolescencia nao foi tão ruim assim. NAO! Peguei-me falando com voce de novo, nao gosto. Eu sei que dramatizo demais - melhor agora. Mas eu gosto, me faz bem colocar pra fora mais do que eu realmente sinto. Ah! Nao é mais, é apenas em dimensoes diferentes. Enfim!
Embaralhei a historia da minha vida com o meu jeito de ser. Mas um deve ter a ver com o outro, nao? Se eu nao vivesse o que eu vivi, nao seria o que sou. Se eu nao fosse o que sou, talvez viveria de outro jeito. Uma pergunta: Quem nasceu primeiro - o ovo ou a galinha? Dá no mesmo. Um grande ciclo. E assim a vida segue. Sem respostas pras perguntas. Sem perguntas pras respostas. Sem saudade pra quem esquece. Sem esquecimento pra quem tem saudade. Voce tem saudade?
Só pra deixar claro: voce é meu heroi. Heroi por conseguir viver sem o sangue do seu sangue, heroi por conseguir fazer com que eu te odiasse um dia, mas acima de tudo, heroi por nao ter me erguido, por nao ter me feito ser o que eu sou. Voce é meu heroi por nao ser nada.

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